Dados do Trabalho


Título

HIPERTENSAO PULMONAR SECUNDARIA A ESCLEROSE SISTEMICA EM LACTENTE: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, sexo feminino, 1 ano e 10 meses, com histórico de atraso de desenvolvimento neuropsicomotor evidente a partir dos 11 meses de idade, evoluindo progressivamente com disfagia e lesões cutâneas. Ao exame cardiovascular identificado hiperfonese de P2. Em investigação complementar apresentou acidose metabólica e eosinofilia severa, ao eletrocardiograma taquicardia sinusal e sobrecarga de ventrículo direito. Realizado exoma sem alterações. Prosseguiu investigação com ecocardiograma transtorácico com pressão média de artérias pulmonares de 32mmHg e pressão sistólica de ventrículo direito de 90mmHg, além de hipertrofia e disfunção discreta de ventrículo direito. Aventada hipótese de hipertensão pulmonar e encaminhada ao serviço especializado para investigação. Solicitado cateterismo cardíaco que constatou pressão de artéria pulmonar de 33/25/27mmHg, resistência vascular pulmonar de 7W/m2 e ausência de resposta ao teste de vasorreatividade. Realizada biópsia esofágica e de pele que confirmaram o diagnóstico de esclerose sistêmica (ES), classificando a hipertensão pulmonar como grupo 5. Iniciado tratamento direcionado para doença de base com prednisolona e micofenolato de mofetila.

Discussão

A esclerose sistêmica é uma doença autoimune crônica que apresenta envolvimento cutâneo e visceral, com hipertensão pulmonar (HP) presente em cerca de 15% dos casos em adultos. Dados correspondentes em crianças são escassos, porém a incidência de HP parece ser semelhante na ES juvenil e adulta. Neste contexto, a HP decorre da proliferação da camada íntima e vasoconstrição dos vasos pulmonares, que implica no aumento significativo da pressão diastólica pulmonar em detrimento da pressão sistólica aferidas no cateterismo, sugerindo o aumento de resistência vascular não relacionada ao hiperfluxo pulmonar, como no caso da paciente. Tratando-se de HP do grupo 5, o tratamento é direcionado para o controle da doença de base, sem impacto significativo com uso de vasodilatadores pulmonares em um primeiro momento.

Comentários Finais

O diagnóstico de HP na pediatria é desafiador, principalmente quando sua etiologia não está relacionada ao grupo 1 (que inclui as formas idiopática e as formas secundárias à cardiopatias congênitas que cursam com shunt esquerda-direita), mais comuns nesta população. Nesse sentido, apesar de mais raras, ressalta-se a importância de considerar as doenças reumatológicas e demais patologias sistêmicas no diagnóstico diferencial da HP pediátrica.

Palavras chave

Hipertensão pulmonar
Escleroderma Sistêmico

Área

Tema Livre

Instituições

Instituto do Coração - São Paulo - Brasil

Autores

Debora de Oliveira Antunes Rocha, Bruna Tomasi Lorentz, Carolina Beatriz Amaral, Jessica Fonseca Campos Oliveira, Natalia Barros Lourenço Braga, Tatiane Yukari Takahashi, Isabela Atten Colares, Denise Teresa Alberto Nunes Tomás, Leina Zorzanelli, Ana Maria Thomaz